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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Twilight-Graciosos e Lindos-1x5

  Eles estavam sentados num canto do refeitório, o mais longe possível de onde eu estava.
  Eram cinco. Não conversavam e não comiam, apesar de cada um deles ter uma bandeja intocada de comida na sua frente. Eles não estavam me encarando, como a maior parte dos outros alunos, então era seguro ficar olhando para eles sem ter medo de encontrar um par de olhos excessivamente interessado. Mas não foi nenhuma dessas coisas que chamou, e prendeu, minha atenção.
  Eles não se pareciam em nada. Dos três garotos, um era grande - musculoso como um levantador de peso profissional, com cabelo escuro e encaracolado. Outro era alto, mais magro, mas ainda musculoso, e com cabelo loiro escuro. O outro era mais magro,menos musculoso, com cabelo cor de bronze, meio bagunçado. Ele parecia mais jovem do que os outros, que pareciam que poderiam estar na faculdade, ou até mesmo serem professores ao invés de alunos.
  As garotas eram opostos. A mais alta era maravilhosa. Ela tinha uma silhueta linda, do tipo que se vê na capa da revista Sports Illustrated, na edição de roupas de banho, e daquelas que fazem as outras garotas se sentirem mal consigo mesma só por estarem na mesma sala. O cabelo dela era dourado, gentilmente balançando até o meio das costas.
  A outra garota era mais baixa e parecia uma fadinha. Bem magra, com feições pequenas. O cabelo dela era totalmente preto, cortado curtinho e apontando para todas as direções.
  E ainda assim, eles se pareciam muito. Todos eram muito pálidos, os mais pálidos de todos os alunos dessa cidade sem sol.   Mais pálidos do que eu, a albina. Todos tinham olhos bem escuros, apesar da diferença na cor dos cabelos. Além disso, eles tinham olheiras - sombras arroxeadas, como machucados. Como se todos eles tivessem passado a noite em claro, ou quase se recuperando de ter o nariz quebrado. Apesar de seus narizes, de todas as partes de seus corpos, serem perfeitamente retos e angulares.
  Mas não era por causa de tudo isso que não conseguia tirar os olhos deles. Eu os olhava por que seus rostos, tão diferentes, tão iguais, eram todos devastadoramente, inumanamente lindos. Eram rostos que você nunca espera encontrar
além de, talvez, nas páginas editadas de uma revista de moda. Ou pintadas por um dos velhos mestres como a face de um anjo.     Era difícil decidir quem era o mais belo - talvez a perfeita loira, ou o garoto com cabelos cor de bronze.
  Estavam todos olhando para longe - longe um dos outros, longe dos outros alunos, longe de qualquer coisa em particular que eu pudesse ver. Enquanto eu olhava a garota mais baixa levantou com a bandeja - o refrigerante fechado, a maçã inteira - e foi embora com um passo rápido e gracioso que deveria estar em uma passarela. Eu fiquei olhando, maravilhada com os passos de dançarina dela, até ela largar a bandeja e sair pela porta de trás, mais rápido do que eu imaginava ser possível. Meus olhos voltaram logo para os outros, que estavam lá, sem mudanças.
— Quem são eles? — perguntei à garota da aula de espanhol, de quem eu não lembrava o nome.
  Enquanto ela olhava para ver de quem eu estava falando - apesar de já saber, provavelmente, por causa do meu tom de voz - de repente ele olhou para ela, o mais magro, o mais garoto de todos, talvez o mais jovem. Ele olhou para a garota do meu
lado por só uma fração de segundo e então seus olhos escuros se dirigiram aos meus.
  Ele olhou para longe bem rápido, mais rápido do que eu conseguiria, apesar de numa onde de vergonha eu tenha baixado meus olhos na mesma hora. Naquele pequeno instante, seu rosto não aparentou interesse - era como se ela tivesse chamado o nome
dele, e ele olhara numa resposta involuntária, já tendo decidido que não ia responder.
  A garota do meu lado riu envergonhada, olhando para a mesa, assim como eu.
— Aqueles são Edward e Emmett Cullen e Rosalie e Jasper Hale. A que foi embora é Alice Cullen. Todos vivem juntos com o Dr. Cullen e a esposa dele. — Ela falou isso meio entre os dentes.
  Olhei meio de lado para o garoto lindo, que agora olhava para a bandeja dele, picando um pãozinho com dedos pálidos e longos. Seus lábios se moviam rapidamente, seus lábios perfeitos mal se abrindo. Os outros três ainda olhavam para longe, ainda assim eu sentia que ele estava falando com eles.
  Nomes estranhos e pouco populares, eu pensei. Os tipos de nomes que avós tinham.
  Mas talvez fosse moda aqui - nomes de cidade pequena? Finalmente lembrei que a garota ao meu lado se chamava Jessica, um nome perfeitamente comum. Havia duas garotas chamadas Jessica na minha aula de História, em Phoenix.
— Eles são... muito bonitos. — lutei contra a óbvia falta de intensidade do que disse.
— Sim! — Jessica concordou dando outro risinho. — Mas eles já estão juntos - Emmett e Rosalie, e Jasper e Alice. E moram juntos. — A voz dela continha todo o choque e reprovação de uma cidade pequena, pensei criticamente. Mas se eu fosse honesta, teria que admitir que até em Phoenix algo assim seria motivo de fofocas.
— Quais são os Cullens? — perguntei — Eles não se parecem...
— Ah, mas não são. O Dr. Cullen é bem jovem, tem uns 20 ou 30 e poucos. São todos adotados. Já os Halle são irmão e irmã, gêmeos - são os loiros - e vivem com eles.
— Eles não são um pouco velhos pra isso?
— Agora sim, Jasper e Rosalie já têm dezoito anos, mas vivem com a Sra. Cullen desde que tinham oito. Ela é tia deles ou algo assim.
— Isso é bem legal - deles cuidarem de todas essas crianças assim, sendo tão jovens.
— Acho que sim. — Jessica admitiu relutantemente, e fiquei com a impressão de que ela não gostava do doutor e da esposa dela por algum motivo. Com os olhares que ela dava na direção deles, imaginei que o motivo fosse inveja. — Mas acho que a Sra.
Cullen não pode ter filhos. — ela disse, como se isso diminuísse a bondade deles.
  Durante toda essa conversa, meus olhos iam e voltavam para a mesa onde a estranha família estava sentada. Eles continuavam olhando para as paredes e não comendo.
— Eles sempre moraram em Forks? — perguntei. Com certeza eu os teria notado em algum dos meus verões aqui.
— Não. — ela disse num tom de voz que implicava que isso era óbvio, até alguém recém chegado como eu deveria saber. — Eles vieram para cá dois anos atrás, vindos de algum lugar no Alasca.
  Senti uma onda de compaixão, e alívio. Compaixão porque, apesar de serem lindos,eram de fora, claramente não eram aceitos. Alívio porque eu não era a única novata aqui, e certamente não a mais interessante.
  Enquanto eu os analisava, o mais novo, um dos Cullens, olhou para mim e nossos olhos se encontraram, dessa vez com uma expressão evidente de curiosidade. Enquanto eu esquivava meu olhar, me pareceu que no dele havia alguma expectativa não alcançada.
— Qual deles é o garoto de cabelos castanhos avermelhados? — perguntei. Espiei com o canto do olho e ele ainda me encarava, mas não como os outros alunos tinham feito durante todo o dia - a expressão dele era meio frustrada. Olhei para baixo novamente.
— Aquele é Edward. Ele é maravilhoso, lógico, mas não perca tempo. Ele não namora. Nenhuma das garotas daqui são bonitas o suficiente para ele, aparentemente. — ela desdenhou, um caso claro de rejeição. Fiquei me perguntando quando ele tinha rejeitado ela.
  Mordi o lábio para esconder um sorriso, e então olhei para ele novamente. Seu rosto estava virado para o outro lado, mas me pareceu, pelos músculos do rosto, que ele sorria também.
  Após mais alguns minutos os outros quatro deixaram a mesa juntos. Todos eram notoriamente graciosos - até mesmo o grandalhão. Era algo desconcertante de se observar. O que se chamava Edward não olhou para mim novamente.

Escrito por:Stephenie Meyer

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