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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Twilight-Olhares Confusos e Maldosos-1x6

  Fiquei na mesa com Jessica e seus amigos mais tempo do que ficaria se estivesse sozinha ali. Estava ansiosa para não chegar atrasada nas aulas no meu primeiro dia.
  Uma das minhas novas conhecidas, que gentilmente me lembrou que seu nome era Angela, tinha Biologia II comigo no próximo período. Fomos juntas para a aula, em silêncio. Ela era tímida também.
  Quando entramos na sala de aula, Angela foi sentar-se numa mesa de laboratório, com tampa preta, exatamente como as que eu estava acostumada. Ela já tinha um par. Na verdade, todas as mesas estavam ocupadas, com a exceção de uma. Ao lado da fileira do meio, reconheci Edward Cullen por seu cabelo peculiar, sentado ao lado da única cadeira vazia.
  Enquanto fui até o professor para me apresentar e pedir para que ele assinasse meu papel, secretamente observava Edward. No momento em que passei, ele ficou rígido de repente. Ele me encarou novamente, seus olhos encontraram os meus com a mais
estranha das expressões em seu rosto - era hostil, furiosa. Olhei para longe rapidamente, chocada, ficando vermelha novamente. Tropecei num livro e precisei me segurar em uma mesa. A menina sentada ali riu.
  Tinha notado que os olhos dele eram negros, como carvão. O Sr. Banner assinou meu papel e me entregou um livro sem o besteirol das apresentações. Pude prever que nos daríamos bem. Obviamente, ele não tinha escolha a não ser mandar eu me sentar na única classe vazia no meio da sala. Mantive meu olhar baixo enquanto ia sentar ao lado dele, confusa com o olhar maldoso que ele tinha me dado.
  Não olhei para cima enquanto colocava o livro na mesa e me sentava, mas vi, com o canto do olho, sua postura mudar. Ele estava se inclinando para longe de mim, sentado bem na ponta da cadeira e virando a cara como seu eu tivesse cheiro ruim.
  Discretamente, cheirei meu cabelo. Tinha cheiro de morangos, que era o perfume do meu xampu preferido. Parecia um cheiro inocente o bastante. Deixei meu cabelo cair sobre meu ombro direito, criando uma cortina escura entre nós, e tentei prestar atenção no professor.
  Infelizmente a aula era sobre anatomia celular, algo que eu já tinha estudado. Fui fazendo anotações mesmo assim, sempre olhando para baixo.
  Não conseguia me conter e, de vez em quando, olhava para o garoto estranho ao meu lado, através da cortina de cabelo.     Durante a aula toda ele não relaxou de posição, sentado na ponta da cadeira, o mais longe possível de mim. Pude ver que sua mão sobre a perna esquerda estava em punho, os tendões se destacando sob a pele clara. Também não relaxou a mão sequer uma vez. As mangas da sua camisa branca estavam puxadas até os cotovelos, e seu braço era surpreendentemente musculoso. Ele não era tão frágil quanto parecia quando comparado com o irmão.
  A aula parecia se arrastar mais do que as outras. Será que era por que o dia estava finalmente acabando ou por que esperava que seu pulso fosse relaxar? Ele nunca o fez.
  Ele estava tão imóvel que parecia que não respirava. Qual era o problema dele? Será que isso era o comportamento normal dele? Me questionei sobre o que tinha pensado sobre a amargura de Jessica durante o almoço. Talvez ela não fosse tão rancorosa como eu pensava.
  Não poderia ser comigo. Ele nunca tinha me visto na vida.
  Espiei de novo e me arrependi. Ele estava me olhando novamente, seus olhos negros cheios de repulsa. Enquanto me afastava dele, me espremendo na cadeira, a frase "se olhar matasse" cruzou minha mente.
  Naquele momento o alarme bateu alto, me assustando, e Edward Cullen já tinha se levantado. Ele era muito mais alto do que tinha imaginado, e de costas para mim ele se foi fluidamente. Antes que qualquer um dos outros estivesse de pé, ele já tinha saído pela porta.
  Fiquei congelada no lugar, olhando para ele. Ele era muito mau. Não era justo. Comecei a juntar minhas coisas devagar, tentando bloquear a raiva que me consumia, para não acabar chorando. Por algum motivo, meu humor tinha ligação com meus canais lacrimais. Geralmente chorava quando estava com raiva, uma mania humilhante.
— Você não é Isabella Swan? — perguntou uma voz masculina. Olhei para ver um garoto bonitinho, com cara de bebê, o cabelo loiro claro cuidadosamente moldado com gel, sorrindo para mim de um jeito amigável. Ele, com certeza, não achava que eu cheirava mal.
— Bella. — corrigi com um sorriso.
— Sou Mike.
— Oi, Mike.
— Precisa de ajuda pra encontrar sua próxima aula?
— Na verdade, estou indo para o ginásio. Acho que consegui achá-lo.
— Essa é minha próxima aula também. — ele parecia extasiado, apesar de não ser muita coincidência numa escola tão pequena.
  Fomos para a aula juntos. Ele era um conversador - ele falava bastante, o que facilitava para mim. Ele tinha morado na Califórnia até os dez anos, então ele me entendia com relação ao sol. E ele estava na minha aula de inglês também. Tinha sido a pessoa mais legal que conhecera aquele dia.
  Mas enquanto entrávamos no ginásio ele perguntou — Então, você fincou o lápis no Edward Cullen ou o quê? Nunca o vi agir assim.
  Então não tinha sido só eu que notara. E, aparentemente, não era assim que ele se comportava normalmente. Decidi bancar a desentendida.
— Era o garoto sentado do meu lado em biologia? — perguntei ingenuamente.
— Sim. — ele disse — Parecia que ele estava com dor ou algo parecido.
— Não sei. — respondi — Nunca conversei com ele.
— É um cara estranho. — Mike ficou por ali ao invés de ir para o vestiário. — Se eu tivesse tido a sorte de sentar do seu lado, teria conversado com você.
  Sorri para ele antes de ir para o vestiário das meninas. Ele era legal e claramente gostava de mim, mas isso não foi o bastante para diminuir minha irritação.
  O professor de Educação Física, Treinador Clapp, me deu um uniforme mas não me fez vesti-lo para a aula. Em Phoenix, só dois anos de EF eram obrigatórios, aqui, era obrigatório durante todos os anos. Forks literalmente era o meu inferno na Terra.
  Assisti a quatro jogos de vôlei ao mesmo tempo. Lembrando quantas vezes tinha machucado a mim mesma - e os outros - jogando vôlei, me senti nauseada.
  O sinal tocou finalmente. Fui lentamente até a secretaria para entregar minha papelada.
  A chuva tinha parado, mas o vento estava mais forte e mais frio. Me enrolei mais nas roupas.
  Quando entrei na quente secretaria, quase me virei e saí de novo. Edward Cullen estava parado à mesa logo na minha frente.    Novamente reconheci aquele cabelo cor de bronze e desarrumado. Ele pareceu não perceber a minha entrada. Me encostei na parede, esperando a recepcionista poder me atender.
  Ele estava conversando com ela numa voz baixa e atraente. Logo peguei o motivo da conversa: ele queria trocar o período da aula de biologia para outro horário, qualquer outro.
  Não podia acreditar que era por minha causa. Tinha que ser outra coisa, algo que acontecera antes de eu entrar na sala. A expressão em seu rosto tinha que ser por outro motivo. Era impossível que esse estranho tivesse me detestado tanto assim, tão
subitamente.
  A porta abriu novamente, e o vento frio entrou de repente, levantando os papéis sobre a mesa, jogando meu cabelo sobre meu rosto. A garota que entrara simplesmente chegou na mesa, colocou um bilhete na cesta de arame e saiu novamente. Mas Edward Cullen ficou rígido e se virou lentamente para me olhar - o rosto dele era absurdamente lindo - com olhos fulminantes e cheios de ódio. Por um instante senti puro medo, levantando os pêlos dos meus braços. O olhar só durou um segundo, mas me congelou mais do que o vento enregelante. Ele se virou novamente para a recepcionista.
— Deixa para lá, então. — ele disse apressadamente com uma voz aveludada. — Vejo
que é impossível. Muito obrigado pela ajuda. — se virou sem olhar para mim de novo e
saiu pela porta.
  Fui calmamente até a mesa, meu rosto branco ao invés de vermelho, e entreguei o papel assinado.
— Como foi seu primeiro dia, querida? — a recepcionista perguntou, maternalmente.
— Bem. — menti com a voz fraca. Ela não pareceu convencida.
  Quando cheguei na caminhonete, era praticamente o último carro no estacionamento. Ela era como um refúgio, a coisa mais perto de um lar que eu tinha nesse buraco verde e úmido. Sentei lá dentro por um tempo, simplesmente olhando pelo vidro. Mas logo estava frio o bastante para precisar do aquecedor, então virei a chave e o motor ganhou vida. Peguei meu caminho de volta para a casa do Charlie, lutando para não chorar durante todo o caminho.

Escrito por: Stephenie Meyer

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