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segunda-feira, 4 de março de 2013

Dexter: A Mão Esquerda de Deus: Capítulo 5 - 1x5


Acho ótimo e , se eu pudesse sentir alguma coisa por alguém,seria por a Deb. Então, fui para onde ela estava. Saí do estacionamento metropolitano de Dade e entrei na rodovia expressa seguinte que me levou para o sul, na parte da trilha Tamiami, onde fica o motel Cacique e centenas de outros similares. De certa forma, é um paraíso. Principalmente se você for uma barata. São filas de prédios que conseguem brilhar e desmoronar ao mesmo tempo. Placas em néon forte em cima de estruturas velhas, esquálidas, podres. Se você não for lá á noite, melhor não ir. Porque ver esses lugares á luz do dia é ver o fim da linha do nosso frágil contrato com a vida. Toda cidade grande tem uma área como essa. Se um anão mestiço, leproso e estágio avançado,quer transar com um canguru e um bando de
adolescentes, vai conseguir lá, além de arrumar um quarto. Quando terminar, pode levar todo mundo para tomar café cubano e comer sanduíche medianoche na lanchonete ao lado. Ninguém vai se incomodar,desde que ele dê gorjeta. Ultimamente, Deborah vinha passando muito tempo nesse lugar.
  Segundo ela, não eu. Parecia um bom local para ir se você é policial e quer ter mais chance de pegar alguém fazendo algo horrível. Deborah não via a coisa desse jeito. Talvez por ser do departamento de combate ao jogo, drogas e prostituição. Uma jovem policial bonita trabalhando na trilha Tamiami costuma funcionar de isca com ferrão, ficando na rua com pouca para pegar homens que aceitem pagar por uma transa. Deborah detestava isso. Só conseguia aceitar a prostituição como tema de
sociologia. Achava que transar não era problema da lei. E só eu sabia que ela detestava qualquer coisa que acentuasse demais sua feminilidade e seu corpo atraente. Mas ela queria ser policial e não tinha culpa de ser mais parecida com uma garota pôster.
  Quando entrei no estacionamento que ligava o motel Cacique com o estabelecimento vizinho, o Tito’s café Cubano, vi que o corpo dela estava destacando a beça. Usava um tomara – que – caia justo rosa néon, short de lycra,meias arrastão pretas e sapatos de salto agulha. Direto da loja de roupas das Hollywood Hookers em terceira dimensão. Alguns anos atrás, alguém no Departamento Anti - vícios ouviu dizer que os cafetões estavam rindo dos tiras nas ruas porque eram eles que escolhiam as roupas das policiais femininas da operação – ferrão. As roupas mostravam bem as estranhas preferências sexuais deles, mas não pareciam com garota, tinha um distintivo e uma arma pochette. Por causa disso, os policiais do setor passaram a insistir para as policiais disfarçadas usarem suas próprias roupas no trabalho. Afinal, garotas sabem o que fica melhor nelas, não é? Talvez a maioria saiba.
  Mas Deborah, não. Ela só se sentia bem de jeans. Você tinha de ver o que ela queria usar no baile de formatura. E agora que Deb estava ali, eu jamais vi uma bela mulher usando roupa tão sexy que ficasse menos atraente. Mas ela chamava a atenção.     Estava controlando a multidão,com o distintivo de policial preso na blusa tomara – que - caia. Era mais visível do que os quinhentos metros de fita amarela que já estava isolando a cena do crime e mais do que os três carros da policia parados em
ângulo, com as luzes piscando. O tomara- que – caia rosa justo brilhava um pouco mais. Deborah estava na lateral do estacionamento,mantendo a distancia e crescente multidão de peritos de laboratório que iam para a caçamba de lixo da lanchonete. Gostei de não estar metido naquilo.
  O fedor atravessava o estacionamento e chegava até a janela do meu carro, um cheiro forte de lugar que serve café latino, misturado com fruta podre e carne de porco rançosa. Eu conhecia o policial que estava na entrada do estacionamento. Ele acenou para mim e entrei.
-Deb, que roupa legal, realmente mostra o que seu corpo tem de melhor_ elogiei,ao dar uma volta por ali.
-Foda-se _disse ela e ruborizou. Era impressionante ver uma tira corar.
-Encontraram o corpo de mais uma puta_ disse ela._ Pelo menos,acham que é puta. É difícil saber,pelo que sobrou.
-É a terceira em cinco meses_ acrescentei.
-Quinta_ ela me corrigiu._Teve mais duas em Broward. Esses idiotas estão dizendo que,oficialmente,os casos não tem ligação._ Ela balançou a cabeça.
-Ia precisar de muito mais papel de ocorrência_ eu disse, tentando ajudar.
  Deb mostrou os dentes,como num sorriso.
-Que tal entender um pouco do trabalho da policia? _ zombou ela. _ Qualquer idiota conseguiria ver que essas mortes têm ligação._ E o corpo dela estremeceu. Olhei firme para ela, impressionado. Era policial, filha de policial.

Escrito por: Jeff Lindsay

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