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sexta-feira, 8 de março de 2013

Dexter: A Mão Esquerda de Deus: Capítulo 7 -1x7


Por que não pensar nisso? Era como a peça que faltava em algo que não sabia que estava incompleto. Não pretendo compreender o que tem Dexter a ver com sangue. Só de pensar, me dá uma sensação desagradável e olha que eu, afinal, escolhi essa profissão,estudei, faz parte do meu trabalho. Claro que algumas coisas bem lá no fundo estão acontecendo, mas acho meio difícil me interessar. Sou o que sou e essa não é uma noite ótima para dissecar um matador de crianças? Mas
essa agora...
-Esta se sentindo bem Dexter? _ perguntou Vince.
-Ótimo. Como o assassino fez então? _ perguntei.
-Depende. Olhei para Vince. Ele observava um punhado de grãos de café, empurrando-os com cuidado com o dedo enluvado. _ Depende de que,Vince?
-De quem ele é e do que está fazendo. Rá rá. Balancei a cabeça. _ Ás vezes você se esforça muito para se indecifrável. Como o assassino faz com o sangue?
-Difícil responder isso agora. Não encontramos nada de sangue. E o corpo não está em bom estado, então vai ser difícil.   Aquilo não parecia tão interessante. Gosto de deixar o corpo limpo. Nada de confusão, de bagunça, de sangue pingando. Se
o assassino era apenas mais um cachorro arrancando carne e osso, aquilo para mim não era nada. Respirei melhor.
-Onde está o corpo? _ perguntei para Vince. Ele mostrou com a cabeça um lugar a uns dez metros.
-Lá com LaGuerta.
-Ai, meu Deus, é a LarGueta que está cuidando do caso? _perguntei. Ele fez o sorriso falso de novo.
-Sorte do assassino. Olhei, Algumas pessoas estavam em volta de um monte de sacos de lixo.
-Não estou vendo._ eu disse. _Bem ali. Os sacos de lixo. Cada um tem um pedaço do corpo. Ele cortou a vitima em pedaços, depois embrulhou casa uma como se fosse um presente de Natal. Já viu algo parecido? Claro que sim. É assim que eu faço.
  Existe algo de estranho e frustrante em ver uma cena de homicídio á luz clara do dia em Miami.
  Parece que os assassinos mais horrendos ficam assépticos, produzidos. Como se você estivesse numa nova e apavorante parte da Disney Word. Terra de Dahmer. Venha passear na geleira dos cadáveres. Por favor, vomite seu almoço apenas nos lugares indicados. Não é que ver corpos mutilados tenha alguma vez me incomodado, ah não, longe disso. Me incomodo um pouco com os corpos sujos, quando os assassinos não cuidam direito dos líquidos corpóreos, coisa repelente. Senão, não é pior do que olhar costelas de porco no açougue. Mas, em cenas de crime, principiantes e curiosos costumam vomitar e, por algum motivo, vomitam bem menos aqui que lá no Norte. O sol simplesmente seca a coisa. Limpa, faz com que fique mais asseada. Talvez por isso eu gostei de Miami. É uma cidade tão asseada. E já era um lindo dia quente em Miami. Quem estivesse usando paletó, estava procurando onde pendurá-lo. Claro que não tinha cabide naquele imundo e pequeno estacionamento. Havia apenas cinco ou seis carros e a caçamba. Estava enfiada no canto, perto da lanchonete, encostada num muro rosa com arame farpado em cima. A porta dos fundos da lanchonete abria para lá. Uma garota mal – humorada entrava e saia trazendo café cubano e pasteis para os tiras e peritos. Os tiras de terno e gravata que aparecem nas cenas de homicídios para serem vistos, pressionar ou garantir que sabem o que estava ocorrendo, agora tinha mais coisas para equilibrar. Café, pasteis, paletó. O pessoal do laboratório não usava terno. Fazia mais o gênero deles usar camisa de boliche com dois bolsos, de malha lustrosa. Eu mesmo estava com uma.   Era verde –limão, estampada com tocadores de tambor de ritual de vodu e palmeiras. Estilosa, mais pratica. Fui na direção da camisa lustrosa mais próxima, no meio das pessoas que rodeavam o corpo.

Escrito por: Jeff Lindsay

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