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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Twilight: Conversa Interessante- 1x33


"Eu vou pegar você de novo", ele ameaçou, adivinhando meu plano.
  Eu tentei manter toda a dignidade que pude ao entrar no carro dele. Mas não tive muito sucesso- eu parecia um gato escaldado e as minhas botas esguicharam.
  "Isso foi completamente desnecessário", eu disse meio durona.
  Ele não respondeu. Ele mexeu nos controles, aumentando o aquecedor e abaixando a música. Enquanto ele saía do estacionamento, eu estava me preparando pra dar a ele o tratamento do silêncio - meu rosto demonstrando as minhas intenções- mas então eu reconheci a música que estava tocando, e a minha curiosidade foi além das minhas intenções.
  "Clair De Lune?", eu perguntei, surpresa.
  "Você conhece Debussy?", ele também surpreso.
  "Não muito", eu admití. "Minha mãe toca muita muita musica clássica em casa. Eu só conheço as minhas favoritas."
  "É uma das minhas favoritas também", ele olhou para a chuva lá fora, perdido em pensamentos.
  Eu escutei a música, relaxando no couro cinza claro do banco. Era impossível não responder a melodia familiar, tranquilizadora.
  A chuva transformou tudo lá fora em uma névoa cinza e verde. Eu comecei a perceber que estávamos indo rápido demais; apesar disso, o carro se movia com tanta uniformidade e calma que eu nem sentia a velocidade. Somente a cidade passando rápido me fazia reparar.
  "Como é a sua mãe?", ele me perguntou de repente.
  Eu olhei pra ele pra ver ele me observando com olhos curiosos.
  "Ela se parece muito comigo, mas ela é mais bonita", eu disse. Ele ergueu as sobrancelhas. "Eu tenho muito de Charlie em mim. Ela é mais divertida que eu, e mais corajosa. Ela é irresponsável e um pouco excêntrica e uma cozinheira muito
imprevisível. Ela é minha melhor amiga." Eu parei. Falar sobre ela estava me deixando deprimida.
  "Quantos anos você tem, Bella?", A voz dele parecia frustrada por algum motivo que eu não conseguia imaginar. Ele parou o carro, e eu me dei conta de que já estávamos na casa de Charlie. A chuva estava tão forte que eu mal conseguia ver a casa. Era como se o carro estivesse dentro de um rio.
  "Eu tenho dezessete", eu respondí um pouco confusa.
  "Você não parece ter dezessete".
  Seu tom era de reprovação; me fez rir.
  "O que foi?", ele perguntou, curioso de novo.
  "Minha mãe sempre diz que eu nascí com trinta e cinco anos de idade e que fico mais velha a cada ano que passa." Eu sorrí e então suspirei. "Bem, alguém tem que ser o adulto". Eu pausei por um segundo. "Você também não parece um jovenzinho", eu
notei.
  Ele fez uma careta e mudou de assunto.
  "Então porque sua mãe se casou com Phil?"
  Eu estava surpresa que ele ainda lembrava do nome; eu só o mencionei uma vez, há quase dois meses atrás. Eu levei algum tempo pra responder.
  "Minha mãe...ela é muito jovem para a idade dela. Acho que Phil a faz se sentir ainda mais jovem. De qualquer forma, ela é louca por ele." Eu balancei minha cabeça. A atração era um mistério pra mim.
  "Você aprova?", ele perguntou.
  "Isso importa?" eu apontei. "Eu quero que ela seja feliz...e é ele que ela quer."
  "Isso é muito generoso...eu imagino", ele refletiu.
  "O quê?"
  "Se ela estenderia a mesma cortesia pra você, você acha? Não importa qual seja a sua escolha?" De repente ele estava atento, seus olhos procurando os meus.
  "E-eu acho que sim" Eu gaguejei. "Mas de qualquer forma ela é uma mãe, apesar de tudo. É um pouco diferente".
  "Nada muito assustador então" ele brincou.
  Eu sorri em resposta. "O que você quer dizer com assustador? Vários piercings corporais e tatuagens gigantescas?"
  "É uma definição, eu acho".
  "Qual é a sua definição?"
  Mas ele ignorou minha pergunta e me fez outra. "Você acha que eu poderia ser assustador?" Ele ergueu uma sobrancelha e a leve sombra de um sorriso iluminou o seu rosto.
  Eu pensei por um momento, refletindo se seria melhor falar a verdade ou mentir. Eu decidi que seria melhor dizer a verdade.

Escrito por: Stephenie Meyer

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